Não sei mais te encontrar por aí
Te olhar na rua me deixa sem voz
“Bom dias” ficam presos na garganta e meu olhar foge,
desesperado.
Juro que não é por mal,
nem mesmo proposital
Só desaprendi à agir perto de você.
No fundo eu queria que fosse só minha culpa
Que fossem minhas palavras erradas,
meu jeito exagerado e expansivo
Até mesmo a experiência que eu não tinha
Infelizmente eu sempre fui muito justa e sei reconhecer,
sei onde traçar a linha e ver quando minha responsabilidade terminava e começava a sua
Talvez isso seja o que mais faz doer:
saber que em algum ponto,
quando eu me perdi de você,
foi porque você não fez questão de segurar minha mão.
As vezes fico superconsciente do meu corpo,
do seu formato,
do espaço que ele ocupa
Da pequenez dos meus seios em contraste à circunferência do meu quadril
Então eu lembro da sua mão na minha cintura e dos seus dentes apertando meu lábio inferior
e me pergunto:
Quando foi que eu passei a me importar tanto com como eu parecia
aos olhos dos outros
e aos seus também
se antes só o que importava eram seus beijos no nariz
e sua voz me ligando as três da manhã nas nossas primeiras semanas dizendo
“tem certeza que sou eu que você quer?”
Era bom quando tudo que importava era meu sim.
Era bom quando você lembrava de mim à noite, onde quer que estivesse
No bar
Na praia
Subindo a rua da casa da sua vó
Aí eu ouvia meu telefone tocar
O vibrar acompanhando meu coração.
Era bom
Quando eu sabia o que responder
Quando eu não forçava minha presença em você
Quando você estava longe,
porque foi quando estivemos mais perto.
Sinto falta da sombra de janeiro
Do contorno que você pintou no meu coração e deixou sem preencher
Sinto vazio
Sinto doer
E é por isso que eu não sei o que fazer quando vejo você.